Nos últimos dias, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) sofreram uma queda expressiva, chamando a atenção de investidores atentos ao mercado financeiro. Na sexta-feira, 16 de maio, os papéis recuaram mais de 12%, encerrando o pregão a R$ 25,67, após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025.
Mas afinal, essa queda representa uma oportunidade de compra ou um sinal de alerta para o investidor?
O que causou a queda?
O principal motivo foi a frustração com os resultados financeiros. O banco reportou um lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões no primeiro trimestre — uma queda de cerca de 21% em relação ao mesmo período de 2024. O mercado esperava algo próximo de R$ 9 bilhões, ou seja, o resultado veio bem abaixo das estimativas.
Além disso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) caiu para 16,7%, contra 21,7% no ano anterior. Esse número é um dos principais indicadores de rentabilidade para bancos e foi mal recebido pelos analistas.
Análise mais profunda
Embora o lucro ainda seja expressivo e o banco mantenha uma boa base de capital, há preocupações no radar. Entre elas:
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Aumento da inadimplência: A carteira de crédito do banco começou a mostrar sinais de deterioração, especialmente no segmento de pessoa física e agro.
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Provisões maiores: O BB elevou o volume de provisões para calotes, o que pressiona diretamente o lucro.
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Interferência política: Como o Banco do Brasil é uma instituição estatal, o mercado teme decisões que priorizem agendas políticas em detrimento da eficiência operacional.
E agora: é hora de comprar?
A resposta depende do perfil do investidor.
Para quem tem visão de longo prazo e tolerância a volatilidade, o patamar atual de preços pode sim representar uma oportunidade de compra. O BB segue sendo um dos bancos mais lucrativos do país, tem uma base sólida e distribui bons dividendos. Além disso, sua ação está sendo negociada com desconto em relação aos pares privados, como Itaú e Bradesco.
Por outro lado, investidores mais conservadores devem aguardar uma sinalização mais clara de recuperação nos próximos trimestres, especialmente no que diz respeito à qualidade da carteira de crédito e ao controle de despesas.
A forte queda nas ações do Banco do Brasil pode assustar à primeira vista, mas também pode esconder oportunidades para quem enxerga valor em fundamentos sólidos e potencial de recuperação. É um momento que exige análise cuidadosa e uma leitura estratégica do cenário macroeconômico e político.
Para quem já tem BBAS3 em carteira, o mais indicado é evitar decisões impulsivas. E para quem pensa em entrar, talvez essa seja a hora de colocar o banco estatal no radar — mas com cautela e foco no longo prazo.